Lonesome Village
A torre é literalmente os amigos que fizemos pelo caminho
É muito legal quando você começa a acompanhar os jogos de desenvolvedores específicos e ver como eles estão melhorando a cada novo título. Eu descobri o trabalho da equipe mexicana Ogre Pixel com seu último título, A Tiny Sticker Tale — uma pequena aventura de quebra-cabeças sobre adesivos, tão boa que chegou ao meu POTY ano passado. Mas só agora pude jogar Lonesome Village, seu primeiro jogo não exclusivo pra celulares lançado há alguns anos, e é interessante ver como eles proporcionaram uma estadia divertida mesmo com uma equipe menos experiente.
Em Lonesome Village, você segue os passos de Wes, um viajante que encontrou uma cidade estranha completamente vazia e assombrada por uma grande e assustadora torre. Com a ajuda de uma fada, você começa a escalar os andares desta construção sinistra, libertando os aldeões e começando a entender o que aconteceu lá (e por que você é o único que pode salvar todos). Não é o enredo mais incrível já feito, mas é bom o suficiente para fazer o jogo acontecer e dar algum sentido ao que você faz em cada capítulo. O jogo é muito fofo, com visuais bem feitos e desenhados à mão que já se tornaram parte da identidade do estúdio (pelo menos para mim).
Mecanicamente, você tem dois loops de jogo distintos combinados em uma progressão linear. Primeiro, você tem a torre, com cada nível apresentando diferentes quebra-cabeças para resolver e novos aldeões para salvar. E então, você tem uma experiência de simulação bem leve na vila, fazendo missões e coletando itens (e corações como fichas de gratidão) usados para destravar portas na torre. Parecem dois mundos separados em Lonesome Village e eu acharia que eram jogos diferentes se não estivessem conectados em termos de história.
E como essas duas “partes” são tão distintas, acho que elas também têm sucessos diferentes. A torre de puzzles é a melhor jogabilidade de Lonesome Village para mim. A curva de dificuldade às vezes tem altos e baixos, e não acho que todos os enigmas tenham a mesma inspiração por trás deles, mas me diverti resolvendo muitos deles. Cada nível é completamente diferente um do outro e você tem uma variedade interessante de desafios, como puzzles espaciais, testes de memória, labirintos e até mesmo alguns puzzles de plataforma 2D.
A metade “simulação de vida” de Lonesome Village, porém, parece uma versão hipersimplificada (e às vezes genérica) de Animal Crossing. Há muitas coisas diferentes que você pode fazer quando começa a obter novas ferramentas – cavar, plantar, colher, pescar, minerar, criar, decorar – mas não há profundidade suficiente para torná-las realmente interessantes. Na maioria das vezes, você apenas faz as coisas para concluir missões e conseguir itens necessários para avançar na torre. Acho que uma abordagem mais próxima de um jogo de aventura (e incluindo alguns puzzles aí) seria um melhor aproveitamento desses recursos e criaria uma experiência mais satisfatória.
Uma impressão geral que tive ao longo do tempo com o jogo foi de falta de polimento em muitas das pequenas interações com o mundo e como elas às vezes parecem um pouco estranhas. Não há bugs que impeçam o seu progresso, mas as interfaces estranhas e alguns momentos com os personagens podem ser um pouco frustrantes, que se acumularão após algumas horas. Porém, conhecendo o trabalho mais recente da equipe, já dá pra perceber o quanto eles conseguiram melhorar e evoluir desde Lonesome Village.
Se você quiser fazer tudo, provavelmente não será incrível em nada, mas tudo o que fizer provavelmente será bom. Lonesome Village sofre com essa falta de foco mecânico e acaba com vários pedaços que não combinam com a qualidade dos demais. Eu adoraria jogar mais quebra-cabeças como os da torre (e você literalmente pode), mas não acho que a parte de simulação seja suficiente para sustentar uma jogatina sozinha. Felizmente, essa combinação de jogabilidade, juntamente com visuais e história fofos, cria um pacote divertido de experimentar, mesmo com suas falhas.